Agora somos apenas como folhas secas e mortas, nada será como antes.
E ninguém espera mesmo que seja.
O medo tomou conta de nossos corações, estamos esperando pelo pior.
Não há lugar seguro para ninguém, só pessoas encolhidas nos cantos de suas salas.
Há pessoas que fazem orações pelos seus, e pensam que nada vai mudar, mas já mudou.
O mundo que conhecemos, já não existe mais, pois agora a loucura não vai ter mais fim.
O Deus, ou Deuses, já estão fartos de nós, e se divertem com a nossa incompetência.
Nos mostramos tão frágeis, tão ingênuos, que estamos morrendo no meio da rua.
De onde estou, vejo pessoas desistindo de lutar e se entregando à uma morte infame.
Não se entreguem, corram para seus lares, qualquer lugar seguro, eu lhes peço.
A morte vem de todos os lugares, a ira dos Deuses manda uma chuva de pecados.
Quando seu corpo queima, você fica louco e morre, simplesmente morre.
Como respirar nesse mundo de cinzas e trevas, tenham piedade, pois somos fracos.
Todos correm para algum lugar secreto, talvez mágico, mas isso não existe, não hoje.
Nesses momentos finais, de caos e morte certa, pessoas que se odiavam se tornam solidárias
umas com as outras, uma última redenção talvez.
Pela minha visão não adianta procurar a morte, ela virá até mim, vou me sentar, beber meu melhor
vinho e lembrar as coisas boas que vivi.
Quando ela chegar opressora, abrasadora, mortal, eu lhe farei um brinde de boas vindas e rirei de
sua face sombria.
Plínio, 24 de agosto de 79, Pompéia.
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