segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

É Natal.

Queria ter nascido velho.

Teria sofrido menos. 

Teria amado muito mais.

Declame um poema para mim, que seja um dos meus.

Toda uma vida passada em um segundo, é muito tempo.

Cante uma música para mim, também das minhas.

Pois, sentirei saudades e ficarei triste e alegre ao mesmo tempo.

Mostre-me uma pintura minha, para eu lembrar o quanto excêntrico sou.

As pedras atrás de mim já estão muito gastas, não me siga para não cair em si mesmo.

Apenas voe sobre elas e siga seu próprio caminho.

Todos nós temos um.

Não sei se já sou um velho, ou um garoto que começa a ver sentido nas coisas.

Não importa.

O barco segue devagar no caminho traçado pelas estrelas.

Talvez eu ande sobre as águas ou pelo espaço, quem sabe?

Tudo é novidade, mas é aquela novidade de quando se é criança com cheiro

gravado na memória e tudo mais!

Sinto voltar em mim a euforia juvenil.

E pensar no quanto já vivi.

Nunca será mais a mesma coisa, e dai!

As flores que já estavam mortas no vaso murcharam e ficaram feias.

Amanhã colocarei novas flores mortas no mesmo vaso.

Tudo se repete sempre.

Tudo acontece conforme o que foi combinado previamente.

Não desta vez.

Alguém fugiu.

E uma criança chora no final da rua.




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