segunda-feira, 27 de abril de 2020

And you and l.

Sobre morrer...
Sim, tenho medo, na verdade, pavor!
Quando se tira nossa ilusão de proteção, de estar tudo bem, tudo muda de figura.
Na verdade nunca estivemos protegidos, nunca estivemos imunes a nada, podemos
simplesmente tropeçar no tapete da sala, bater a cabeça e morrer, simples assim!
Agora, quando se tem um inimigo invisível, um predador voraz, você perde seu campo
de força imaginário.
Aquela autoconfiança boba, tão necessária, que não serve para nada, vira fumaça.
Você fica como um náufrago no espaço sideral, sem chão, sem onde se agarrar,
com medo de explodir, tendo a única certeza de que seu oxigênio vai acabar logo!
Com certeza um dia vamos morrer, mas ficar acuado, com medo da morte passar pela
fresta da janela, nunca imaginei, é uma experiência inédita para todos nós.
Eu ouvindo, And you and I, fica mais surreal ainda.
Nunca pensei estarmos tão perto da nossa extinção, nunca pensei ser tão fácil o fim.
Se aparecer algo mais forte, com certeza será nosso fim.
Bom repensar a vida daqui para frente e rápido, aquela relação confusa, o dinheiro do
banco, o que fazer daqui para frente, etc...
No meu caso, não vou fazer nada: nada que não me dê prazer, nada que não me dê alegria,
nada que não me dê vida, pois enquanto penso e respiro, ainda sonho, e sonhos não morrem!
Minha estrada é longa, e meu coração é novo, não vou me entregar tão fácil assim.
Que venham todos os sonhos e amores da vida, meu relógio não para, estarei sempre aqui.
Que boas novas se sobreponham as más.
Que a vida me leve em seu colo de luz, e que a morte não me alcance, não me veja entre
os canteiros.
Brotos de esperança não devem ser ceifados.
Volte mais tarde, estarei em casa!

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Minha escolha.

Não me siga, irmão, não dessa vez.
Sei que teme por mim, que se preocupa, mas fique onde está.
Ninguém pode me ajudar, esse caminho é só meu, eu o fiz.
Sim, todos me avisaram dos perigos, não dei ouvidos, eu sei.
Quando um homem persiste no seu erro, ele já fez sua escolha.
Pensei estar certo, talvez ainda esteja, só saberei no final da estrada.
Ou talvez tudo termine numa rua escura, não quero pensar nisso agora.
Coisas boas e ruins acontecem o tempo todo, vou esperar pelas boas.
Sei que sempre esteve do meu lado, algumas lutamos juntos, sei que você
estará lá, se eu precisar, mas, essa é só minha.
Aconteça o que acontecer, sempre diga a nossa mãe que estou bem, que estou
sem tempo, que qualquer hora apareço.
Amo todos vocês.
Você sabe, meu trabalho é fictício, são emoções e sonhos impossíveis que me movem.
Às vezes, até eu acredito!
Preciso continuar, não posso parar agora, há muita coisa a ser feita.
Minha cabeça gira sem parar, tantas coisas acontecendo, eu só observando, preciso fazer
alguma coisa.
Mesmo quando céu pegar fogo, devo estar lá.
Não posso parar no meio do caminho, tenho que continuar...
Essa vida de escritor está me matando, mesmo assim...
Tenho uma ideia para um livro, que Deus me ajude!
Amo vocês!

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Lembranças da morte.

Agora somos apenas como folhas secas e mortas, nada será como antes.
E ninguém espera mesmo que seja.
O medo tomou conta de nossos corações, estamos esperando pelo pior.
Não há lugar seguro para ninguém, só pessoas encolhidas nos cantos de suas salas.
Há pessoas que fazem orações  pelos seus, e pensam que nada vai mudar, mas já mudou.
O mundo que conhecemos, já não existe mais, pois agora a loucura não vai ter mais fim.
O Deus, ou Deuses, já estão fartos de nós, e se divertem com a nossa incompetência.
Nos mostramos tão frágeis, tão ingênuos, que estamos morrendo no meio da rua.
De onde estou, vejo pessoas desistindo de lutar e se entregando à uma morte infame.
Não se entreguem, corram para seus lares, qualquer lugar seguro, eu lhes peço.
A morte vem de todos os lugares, a ira dos Deuses manda uma chuva de pecados.
Quando seu corpo queima, você fica louco e morre, simplesmente morre.
Como respirar nesse mundo de cinzas e trevas, tenham piedade, pois somos fracos.
Todos correm para algum lugar secreto, talvez mágico, mas isso não existe, não hoje.
Nesses momentos finais, de caos e morte certa, pessoas que se odiavam se tornam solidárias
umas com as outras, uma última redenção talvez.
Pela minha visão não adianta procurar a morte, ela virá até mim, vou me sentar, beber meu melhor
vinho e lembrar as coisas boas que vivi.
Quando ela chegar opressora, abrasadora, mortal, eu lhe farei um brinde de boas vindas e rirei de
sua face sombria.
   Plínio, 24 de agosto de 79, Pompéia.