Sobras.

Tudo que é bom, você tem de sobra,
então me empresta:
Tua coragem.
Tua força.
Tua determinação.
Tua garra.
Mas do teu amor, só quero um pouquinho.
Não sei se meu coração suportaria uma coisa
tão imensa, né, mãe!

Miragem.

Já é tempo de ir mais além.
Mas, em que direção?
Para o infinito.
Onde fica?
Dentro de você mesmo.
Procure, evolua por si mesmo, não tome por
base pessoas piores ou melhores que você.
Transcenda as mesquinharias, ignore a matéria.
Vá atrás do grande prêmio.
Prepare-se, pois todos sabemos que a apoteose
da vida é a morte.
E já morri mil vezes quando te vi!

Próxima atração.

E a lama levou toda a gana, toda a grana, a casinha
de boneca com a criança e tudo, o cobertor, a foto
de casamento, a vida.
A lama só não levou quem se beneficia e lucra com ela,
não suja seus sapatos e não conhece o seu gosto!
Na lama da usina a vida para, morre, a tudo contamina
e finda.

Tentando ser racional.

Cá estou, entorpecido pela dor do abandono.
Consciente da destruição de todos os sonhos,
como um castelo de cartas que desmorona.
Buscando alento em lembranças felizes.
Mal me dando conta que, enquanto fico aqui
choramingando, a vida ainda me escancara uma
porta cheia de oportunidades e uma janela que mostra
um jardim de flores e uma relva verde.
Uma outra leitura de mim mesmo, com outras escolhas,
novos sonhos, e evidentemente uma outra pessoa.
Basta ser racional e ter como objetivo a felicidade.
A dor passa, a saudade passa, mas a historia fica, como
uma marca indelével de quem amou, sofreu e pagou o
preço por tentar.
Isso não é pecado nem errado, só que faz parte da natureza
humana!

Carcere.

Procure as respostas nos quatro elementos,

elas estão lá, basta interpretá-las!

Fogo: Paixão (que muitas vezes é destrutiva)

Terra: Razão (tudo nasce e perece sobre a terra)

Ar: Ilusão (nada mais que um sonho)

Água : Paciência (leva ao conhecimento)

Talvez as dores e humores da carne, sejam apenas a 

alma debatendo-se dentro do corpo, tentando livrar-se

de seu cárcere!
Será que Hipócrates pensou nisso?

A cor da dor é vermelho.

A cor da dor é vermelho.
Como um louco, eu volto e volto, pra você.
Esses lances de ser sensato, comedido, já eram.
Agora, viajo no tempo, tic, tac, tic tac...
E relembro.
Que de tanta cor e tanta flor, nasce um amor.
Que a fantasia se fez alegria, e um simples afago se
transformou num abraço, que entrelaçou corpos durante a noite.
Que dos beijos chupados e molhados, só resultaram em marcas de amor, nada grave.
Que no amanhecer com lençóis, amassados e suados, teu sorriso cândido me dava
bom dia.
A verdade é que a energia do teu corpo, aquecia meu ser, e um olhar mais ousado
já era ignição para mais uma explosão de amor.
Tudo isso e muito mais eu relembro agora, e mais uma vez volto pra você.
Porque sei  que a cor da dor é vermelho.

Seu.

Estava pensando se...?
Talvez te convidar para alguma coisa, tipo,
me ver escrever seu nome numa pedra?
Procurar um anel de noivado em vênus?
Ou simplesmente caminhar sobre as águas do lago?
Brumas que trapaceiam, como enxergar além do véu?
Como chegar até você, senão pelo teu perfume ou
pelo eco de teus passos.
Vou te levar uma flor lilás.
Talvez tudo aconteça esta noite.
Será que teu coração bandido ainda pulsa em ritmo profano?
Tu brincas com meu amor, desconhece a própria força.
Quisera eu ser imune a teus encantos, mas não quero!
O passado me prende, o presente me prende, não espero
alforria do futuro.
Nasci para ser seu, até o fim dos tempos.
Até que as estrelas se apaguem, e a ultima gota do meu
amor seque!

Náufrago.

Um mar de esperanças.
Um mar de sonhos.
Um mar de ilusões.
O pequeno coração se assusta
diante de um mar de realidades.
Ondas escarlates e ventos gelados açoitam.
Não há mais tempo para sonhos, só existe o medo.
A esperança morreu na hipocrisia das pessoas.
E na praia, não tem nada lá, só a indiferença!

Meu sol.

Mesmo quando me dilacera com palavras,
ainda assim é meu sol.
Quando me debulho em lagrimas por não
compreender, você é meu sol.
Logo eu que te inventei, que te dei a vida!
Mesmo assim, me posto resignado e você é meu sol.
Mas, quando diz: Pai eu te amo! Aí, meu mundo gira,
minha alma fica leve e meu coração cresce. E nesse
momento, você é tudo filha, como sempre será!

Dia do Pai.

Pai celestial, uma vez mais, venho a ti senhor,
agradecer por tudo que me tem dado.
Sabes que pouco mereço de tudo que ganho.
Mas mesmo assim, continua a me mandar dádivas,
me tornando uma pessoa realizada e feliz; a não ser
por um porém.
Lembro de um homem sem camisa, fazendo a barba.
O mesmo que às vezes era alegre, brincalhão e dava-nos
alimentos, na maior parte do tempo era ausente, bêbado e
violento.
Homem que hoje é apenas um velhinho, digno de pena e compaixão
e que o perdão nunca lhe será negado!
Apesar de tudo senhor, crescemos, eu e meus irmãos, sob sua tutela
e graça e nunca ficamos desamparados.
É por isso Pai, que estou mais uma vez a agradecer-te por todas
as riquezas e tesouros que me deste nesta vida:  Mãe, irmãos, esposa,
filhos e um Pai também, Obrigado!

O cérebro.

Me sento encolhidinho no canto da parede fria.
Não por medo ou dor, mas para pensar no infinito
e contemplar o vazio.
Minha arma agora é o silêncio.
Silêncio que oro, luto e grito.
Sei onde estou agora, ninguém pode me tocar se eu
não quiser ser tocado.
Nem uma, nem mil chibatadas podem me mover.
Tenho um aliado poderoso velando por mim.
Lá onde a sombra do mundo acaba é onde começa
minha jornada, separando e revirando tudo.
Quebrando todos os tabus, embalo minha alma em terno abraço.
Sussurro palavras de esperança a um coração que não acredita em
mais nada, e ponho para trabalhar a máquina mais perfeita que o
criador nos deu: O cérebro.
E pensar que estava dentro de mim o tempo todo!

Procura-se um Deus!

Que não prometa coisas absurdas como carrões,
mansões luxuosas e dinheiro fácil. Nada que eu não
consiga com meu próprio esforço e trabalho honesto.
Pois bem sei que o seu reino não é deste mundo, e que
a única coisa fácil de se ter é o amor de mãe.
Que não tenha residência fixa, nem templos faraônicos,
morando sim no coração das pessoas.
Que seja humilde e piedoso.
Que quando eu partir deste mundo, me aceite em sua casa.
Porque eu desde já, humildemente lhe peço abrigo!

Caminhante.

Não vim para mudar o mundo.
Mas para absorvê-lo e ser absorvido por ele, para fazer parte dele.
Aprendendo com erros e acertos.
Sempre agradecendo a Deus, pelo livre arbítrio e pelas diferenças .
Às vezes amando e odiando tudo, o certo, o meio certo e o errado.
Uns a favor de tudo, outros contra tudo.
Benditas diferenças.
Mas vivendo e deixando viver, respeitando todos os seres humanos.
E se a luz divina for o meu norte, então farei dela o meu caminho!