domingo, 30 de maio de 2021

Hoje não!



O silêncio não pode expressar tudo o que penso!

Tenho que falar, tenho que escrever, tenho que gesticular.

Tudo isso cansa e também me irrita, mas de teimoso que sou não desisto

e vou lá, bem no comecinho só para contrariar meu pequeno ego.

Com um giz quebrado, risco uma linha quase reta no chão e tento andar

sobre ela, caio dez vezes, morro dez vezes antes de chegar na outra ponta, mas

no final ainda estou inteiro.

Ainda consigo ser assim: um pouco torto, mas indestrutível. 

Quando as palavras me faltam, me perco, muitas vezes tenho preguiça de 

escrevê-las, então eu danço, pois sou péssimo desenhista.

Mas lembro de um tempo em que eu dançava muito bem e era jovem, e era vivo.

Eu seguia uma luz de uma mulher que se apagou na última música, do último baile,

do último dia da minha inocência.

Não tinha ninguém para colar um coração quebrado, só o tempo.

Não digam nada, ainda posso andar por caminhos úmidos e sombrios sozinho.

Ainda que eu prefira as veredas e plante rosas brancas, eu amo as margaridas.

Gostaria que o mundo se enchesse delas, só pela lembrança das cores, do cheiro,

do gosto da infância feliz.

Talvez amanhã eu acorde diferente, hoje estou do avesso.

Talvez amanhã eu escreva um livro ou um poema.

Talvez amanhã eu vá à praia, e dance e brinque.

Talvez amanhã eu seja outra pessoa.

Hoje não!

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