segunda-feira, 8 de março de 2021

A porta.

Encontrei a porta aberta, apenas entrei.

Se soubesse que era só mais uma porta, não faria nada. 

Não passaria de soleira em soleira, para não chegar a lugar nenhum.

Só queria um lugar para plantar margaridas.

Escutar o silêncio das coisas, ou então decifrá-las quando as mesmas

quisessem se comunicar comigo.

Mas, talvez ainda haja alguma esperança, com muito trabalho e carinho, acho 

que consigo  fazer disso um lar.

Há comunhão entre nós, coisa de antepassados, acho eu.

A terra me mostra suas dores e eu aprendo a curá-las.

Eu lhe mostro minhas tristezas e ela me faz feliz apenas com um ninho

de Canários da Terra, cheinho de filhotes nascidos na beira do telhado.

Vou lutar por este lugar, aqui ainda existe magia, lendas, seres da floresta e

do espaço.

Ele me atrai, já me sinto parte de tudo isto aqui.

Aqui irei plantar de tudo, pois temos muitas bocas para alimentar.

O medo se foi, junto com meu penúltimo corpo.

Todos os animais serão bem-vindos, pois o lugar sempre será deles.

Seres imateriais, não debochem de minha pessoa, pois posso vê-los e

acho engraçadas tuas vestes!

Sou muito velho, dentro deste corpo velho, mas apenas um embrião

esperando que a próxima porta se abra!

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