segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Carnaval.

 Enquanto brigamos, empurramos o amor para debaixo do tapete.

Enquanto respiramos, inalamos mentiras jogadas ao vento.

Enquanto fingimos que vivemos, perdemos nossa identidade.

Seremos para sempre, furacões em choque dentro de um copo de água morna.

Salve-se, vá embora com a música.

O carnaval terminou triste.

Minha banda não tocará mais por você.

Salve-me, vá embora com meu orgulho ferido.

Como num rodopio frustrante tudo termina onde começou.

Sou um Arlequim malvado que jogou sua Colombina fora.

Antes tivesse dado uma volta ao mundo ou ido chupar gelo no Alaska!

Noites muito longas e solitárias me acompanham desde então.

O inverno mais longo de todos os tempos congelou meu coração.

Você não sabe, mas sempre será só minha, em algum lugar da minha alma.

Enquanto isso, alguma coisa se move devagar e dolorosamente em meu sótão.

Meu cérebro diz que é só o vento, meu coração diz que é saudade.

Mas, as cinzas não mentem, o nosso carnaval acabou!


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Inferno.

 Uma canção de ninar cantada baixinho, longe...longe...

Ela nos fala de lugares com montanhas impossíveis de serem escaladas,

a menos que se tenha asas.

Ou que se descubra suas cavernas profundas e sombrias, onde a voz da morte ecoa.

Que quando se chega lá, você se transforma, às vezes em camponês, outras vezes

guerreiro.

- Não pegue em armas contra teu irmão!

Um sino chama, mas para onde?

As pessoas o seguem, resignadas, arrastam seus machados.

O que virá agora?

Estamos muito cansados para levantar nossas armas.

Mas e os que se foram lutando a justa batalha?

Os que ainda estão sangrando, pedindo por ajuda?

A terra escarlate é a prova de tamanha covardia.

Que justificativa daremos aos que virão depois de nós?

O arauto da morte não serve mais como desculpa, fomos nós 

mesmos que o inventamos!

E ele se tornou voraz, cruel, medonho!

O vale da morte se abriu sob nossos pés, nossos pulmões queimam com 

uma morte lenta, mas e o ar?

Cadê o ar?

Ele fica só olhando, se divertindo com a situação.

Seu ódio queima a alma das pessoas.

Para deleite de seus seguidores, sim, ele os tem!

Seres medonhos, delinquentes, a ralé do ser humano.

Mas tão mortais quanto seu maldito mestre.

Ele é ser das trevas, suas maldades não tem fim!

Com sua faixa verde-amarela ele pode tudo!

Ele canta a sua canção de ninar grotesca, enquanto definhamos

e morremos bem devagarinho.

Então aparece alguém vestido de branco e diz: dorme, dorme criança,

quando acordar ainda estarei aqui!

E assim se passa mais um dia, no inferno!