segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O homem foguete.

Me sinto como um foguete que vai deixando seus estágios para trás.

Estou apenas subindo enquanto meu tamanho diminui, minha carga fica

mais leve, minhas preocupações vão dando lugar a outras coisas.

Será que eu apaguei o fogo do arroz?

Que importância tem isso agora, eu não estou mais lá!

Aquela conta vencia hoje! 

Também não sei como irão receber.

Eu que era tão preocupado com tudo, a torneira pingando, as luzes acessas sem

necessidade, o que farão sem mim?

Tudo!

E talvez melhor.

Vão sentir saudades?

Sim, alguns.

Estou divagando com perguntas e respostas, amo todos que ficaram, gostaria 

de ter dito isso com mais frequência a todos eles, que pena!

Espero não ter deixado ninguém magoado comigo, se deixei não tenho mais

como reparar isso ou pedir desculpas.

Estou me vendo por inteiro agora no meu longo caminho de vida.

Coisinhas que pareciam tão pequenas, tão sem importância naquela época, 

agora são tudo que eu queria ter feito, queria ter dito, queria ter vivido.

Esse talvez seja meu último peso imaginário que ainda sinto no coração, 

aquela dorzinha que parece ter vida própria.

Enfim, o que ficou para trás, bom ou ruim, agora é irreparável, já passou.

A vida nos dá todas as oportunidades de fazermos o que quisermos sempre, 

se fazemos o certo ou o errado, é problema nosso.

Só mesmo num momento como esse, de expiação, é que você mesmo se cobra,

você mesmo é o seu juiz.

Nem tudo que você se lembra foi legal ou bom.

Não me sinto muito bem por isso, mas fazer o que! 

Teve muita coisa boa também.

Momentos lindos.

Estou chegando no meu último estágio, acho que faz parte do processo

perder a consciência agora, não importa para onde eu vá, aprendi que as

mínimas gentilezas, os pequenos gestos, sempre importam.

Espero me lembrar de usá-los, adeus!

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