no meu dia.
Queria tanto que algumas das coisas que eu fazia voltassem e outras
desaparecessem para sempre.
Já não nos fazem mais orações, nem trazem oferendas.
O último andar da torre sempre fechado para os olhos das pessoas comuns,
menos para os meus.
O tédio dos dias no adaptar-se ao sistema.
O receio de ser descoberto e estragar tudo.
Passarão séculos até que tenham suas próprias torres e muito mais ainda até
que conheçam o seu interior.
Para mim, o tempo já não faz mais diferença, sei muito bem o que me espera,
digamos que adivinhei olhando os pequenos seixos de um rio muito, muito verde.
Nesse rio me equilibro numa folha de laranjeira onde predadores de batom vermelho com suas
bocas escancaradas se escondem na penumbra, esperando que eu caia.
Às vezes penso em surpreendê-los, me revelando à eles, e eu mesmo devorá-los!
Imagino o susto que não teriam?
Mas, me disseram para ser brando, pacífico com essas criaturas, tão
calmo quanto as águas desse rio verde.
Tão improvável quanto despercebido.
Só esperando o momento certo, aprendendo o que já sabemos há milênios.
Se não fosse a barreira dos mundos, a falta de um único órgão, um elemento
numa célula.
Tentativas após tentativas, sempre chegando perto, mas nunca alcançando.
Mesmo mutilado, transformado, gostaria de voltar para casa, nem que fosse
para morrer na beira de um rio radioativo muito verde com seixos que predizem
a sua morte, mas ainda assim é o seu verdadeiro lar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário