quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Pedras mortas.

Parece loucura, talvez seja mesmo.

Deuses de pedra carcomidos pelo tempo não podem mais

ouvir as suas preces.

Seus corações endureceram como o mesmo material que 

foram feitos, e em seus ouvidos de rocha só ecoam os gritos dos desesperados

ou então o silêncio da morte.

Seus olhos, agora opacos, perderam o brilho

o viço, devido  

a descrença humana.

Culpa deles mesmos por permanecerem tanto tempo inertes.

Um caminho repleto de imagens de homens, mulheres e gárgulas inúteis

só confirmam que sempre dependemos de nós mesmos.

Não voe se você tem medo das alturas.

Não lute se você é um covarde, fuja!

Não peça nada que não possa retribuir.

Eles não conhecem a dor, tão pouco sabem que você existe.

Mostre-se a eles.

Ande sobre suas cabeças caídas no chão que são apenas pedaços de pedra.

Não tenha vergonha de sentir medo, você ainda não é um herói.

Amanhã quem sabe?

Aproveite que ainda dormem, ou apenas se fingem de mortos!

Velhos pergaminhos não salvarão a sua vida.

Não confie em nada desse mundo ou de outro qualquer.

E lembre-se sempre: eles podem acordar a qualquer momento!

Lascivo.

Na gaveta, guardei meu coração depois de você.

Em tempos de sentimentos confusos, vontades duvidosas.

Me transcender em espírito seria melhor que fraquejar na carne.

Sinto que transfigurei em você, que fugi de mim mesmo.

Que covarde eu fui!

Tão fácil ceder ao corpo, ao prazer.

Me leva então, e não me devolve mais a mim mesmo.

Foge comigo pelos piores caminhos que souber.

Me leva e me usa a tua vontade.

Me mata quantas vezes quiser, apenas para teu prazer.

Me joga fora e me pega de volta, só para ver minhas lágrimas.

Lágrimas de gratidão e ódio.

Me  diz as mais verdadeiras mentiras, aquelas esfarrapadas mesmo!

Eu juro que acreditarei em todas.

Só para ver aquele lindo brilho de maldade que você tem em seus olhos!