quinta-feira, 19 de julho de 2018

Dois céus.

Sou tão pequeno no meu grito, tão contido.
Mas minha vontade ainda ecoa pelas paredes do tempo.
Aqueles que me cercam não sabem de minha força, mas apenas me cercam.
Tudo em mim é engano, até o batom.
De vilão confuso a herói dramático, será que ainda me serve aquela capa?
Com um toque mudo, ajeito uma mecha de cabelo em sua testa; um fio se prendeu
entre os meus dedos, agora também faz parte de nossa historia.
Uma pequena lágrima que aparece no canto do teu olho, eu a pego com um beijo molhado.
E você me olha serena, decidimos não falar nada.
Lembro de antes, quando línguas se procuravam frenéticas embaixo de dois céus, tudo era
calor, tudo era loucura, e um doce gosto que não se esquece jamais.
Agora já não fazemos mais parte um do outro, não como antes, aquilo passou.
A paixão foi embora, só restaram as verdades, e as verdades machucam.
Seguir cada um o seu caminho pode ser poético, mas é triste, é real.
Não existe realidade alternativa para nós, isso é tudo que sobrou, mas mesmo assim, ainda
espero fazer parte de suas lembranças, não quero desaparecer por completo de sua vida, assim
como nunca te esquecerei da minha.
Nunca mais um beijo.
Nunca mais um desejo.
Nunca mais um toque.
Nunca mais um engano.
Se, quando sair, ainda estiver chovendo, não tenha medo da chuva, é só água fria e pura, continua teu
caminho, pois, como o tempo e a chuva, tudo passa!